Módulo 3 | Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem

Aula 3.3Factores e princípios do desenvolvimento humano

Reflexão Inicial 9

  1. Após as suas pesquisas, a professora “Alcina” concluiuconstatou que na sua turma existem alunos que, durante o seu desenvolvimento, sofreram de: (i) Incompatibilidade sanguínea dos progenitores, (ii) Violência doméstica e (iii) Doenças infecciosas crónicas.
    - Ajude a professora a agrupar estes factores em internos (biológicos ou hereditários) e externos (ambientais).
  2. Na sua opinião, os indivíduos que tenham nascido no mesmo dia e da mesma mãe terão sempre

3.3.1 Factores do desenvolvimento humano

Com esta reflexão interessa que você tenha compreendido que, no desenvolvimento humano, intervêm factores biológicos ou hereditários (internos), assim como factores ambientais (externos), os quais fazem com que cada pessoa seja única, mesmo que dois ou mais sujeitos tenham nascido do mesmo pai e mãe, inclusive mesmo sendo gémeos.

Isso faz com que, apesar dos estudiosos do desenvolvimento humano estarem interessados nos processos universais de desenvolvimento vivenciados por todos os seres humanos, eles também estudam as diferenças individuais. As pessoas diferem em género, altura, peso e compleição física; na saúde; em inteligência; no temperamento, no carácter, na personalidade e reações emocionais. Os contextos das suas vidas também diferem: os lares, as comunidades e sociedades em que vivem, seus relacionamentos, as escolas que frequentam (ou se elas de facto vão para a escola), o trabalho que fazem, e como passam o seu tempo livre.

Estas diferenças entres os sujeitos têm explicação nos factores do desenvolvimento, de tal modo que a exposição individual a estes factores faz com que cada um seja mais igual a sí mesmo que os outros, incluindo os que constituem a mesma faixa etária, a mesma família, os mesmos pais biológicos, etc. É isso que torna interessante abordarmos os factores do desenvolvimento humano, a começar pelos factores biológicos e, depois, os factores ambientaispersonalidade e reações emocionais. Os contextos das suas vidas também diferem: os lares, as comunidades e sociedades em que vivem, seus relacionamentos, as escolas que frequentam (ou se elas de facto vão para a escola), o trabalho que fazem, e como passam o seu tempo livre.

Estas diferenças entres os sujeitos têm explicação nos factores do desenvolvimento, de tal modo que a exposição individual a estes factores faz com que cada um seja mais igual a sí mesmo que os outros, incluindo os que constituem a mesma faixa etária, a mesma família, os mesmos pais biológicos, etc. É isso que torna interessante abordarmos os factores do desenvolvimento humano, a começar pelos factores biológicos e, depois, os factores ambientais.

Factores hereditários ou biológicos

A análise do processo de desenvolvimento permite compreender que a hereditariedade tem influência sobre o desenvolvimento humano.

Muitas mudanças típicas da primeira e da segunda infância, como a capacidade de andar e falar, estão vinculadas à maturação do corpo e do cérebro – o desdobramento de uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento. À medida que as crianças se tornam adolescentes e, depois, adultos, as diferenças individuais nas características inatas e na experiência de vida passam a desempenhar um papel importante. Durante a vida toda, porém, a maturação continua influenciando certos processos biológicos como, por exemplo, o desenvolvimento do cérebro.

As características fundamentais de qualquer organismo vivo estão programadas na sua constituição genética, o que significa que as características herdadas dão a cada pessoa um ponto de partida especial na vida.

Existe uma relação entre a maturação e o comportamento apresentado pelas crianças numa determinada faixa etária. Porém, a programação genética (hereditariedade) determina todas as direcções possíveis do desenvolvimento.

Factores externos ou ambientais

O ambiente em que a criança vive e cresce condiciona parte considerável do seu desenvolvimento. Neste sentido, o desenvolvimento humano resulta de influências ambientais, sobretudo o conhecimento.

Os factores ambientais envolvem factores sociais (homem e suas práticas, produções e experiências históricas, culturais, económicas, racionalização do meio) e físicos (o clima, a vegetação, os solos, o ar, a água, os alimentos), que são exteriores ao indivíduo. E estes encontram-se em permanente e contínua interação entre si.

O papel do professor é, no entanto, perceber a complexidade dos elementos que compõem os factores ambientais, de modo a criar condições favoráveis para o processo de aprendizagem.

Nessa lógica, há a destacar para o professor, por exemplo, três factores ambientais significativos, nomeadamente:

O meio sócio-económico da família

A pobreza (carências alimentares, materiais, financeiras) especialmente se durar muito tempo, pode ser prejudicial para o bem- estar físico, cognitivo e psicossocial das crianças e das famílias.

As crianças carenciadas estão mais propensas do que as outras a apresentar problemas emocionais ou comportamentais; e o seu potencial cognitivo e desempenho na escola são mais prejudicados. O mal causado pelas carências pode ser indirecto, devido ao seu impacto no estado emocional dos pais e na parentalidade, bem como no ambiente doméstico criado por eles.

Outros sim, a atribuição de tarefas e responsabilidades que não correspondem à faixa etária em que as crianças se encontram pode comprometer a vivência daquelas que são tidas como etapas que contribuem para um desenvolvimento integral da criança. Ainda, estas podem sofrer de recalcamentos e outros transtornos advindos do facto de não terem tido a oportunidade de viverem e crescerem como crianças que são.

Embora as famílias pobres sofram de várias carências, existem ainda outros pontos positivos que podem ser encontrados no contexto da família imediata. Os pais afirmam estar mais próximos de seus filhos, frequentam eventos sociais com a sua família, fazem as refeições juntos com mais frequência do que as famílias mais ricas.

A riqueza, porém, nem sempre protege as crianças contra riscos. Algumas crianças de famílias ricas são pressionadas para alcançar o sucesso e, frequentemente, são deixadas sozinhas em casa por pais ocupados. Essas crianças apresentam altos níveis de ansiedade e depressão que tendem a desaguar no abuso de substâncias químicas,.

A composição da vizinhança

A composição da vizinhança também afecta as crianças. Para quem vive numa vizinhança pobre, há maior probalidade de não se ter modelos para projectos e perspectivas futuras e ser influenciado a não sonhar com uma vida diferente. Ainda assim, o desenvolvimento positivo pode ocorrer apesar de sérios factores de risco.

Cultura e etnia

Os padrões étnicos e culturais afectam o desenvolvimento pela sua influência na composição de uma família, nos recursos económicos e sociais; no modo como os seus membros agem em relação uns aos outros, nos alimentos que comem, nos jogos e nas brincadeiras das crianças; no modo como aprendem, no aproveitamento escolar, nas profissões escolhidas pelos adultos e na maneira como os membros da família pensam e percebem o mundo.

Para uma abordagem integral dos factores de desenvolvimento humano, há necessidade de considerar o homem como um ser bio-psico-social, resultante de influência de factores internos e externos. Assim, a experiência pessoal e, portanto, a resultante em termos de desenvolvimento humano é vista como o resultado da interacção entre osfactores internos e externos.

3.3.2 Princípios de desenvolvimento humano

No que concerne aos princípios gerais de desenvolvimento humano, destacam-se os seguintes:

  1. O crescimento e as mudanças no comportamento são ordenados e ocorrem em sequências variáveis. Deste modo, ao interpretar e explicar o processo de desenvolvimento humano, é preciso considerá-lo como um processo ordenado e sequenciado, partindo do mais simples ao mais complexo. Por exemplo: i) a criança pode começar por gatinhar e, a seguir, é que aprende a andar; ii) na aprendizagem da escrita a criança começa por fazer garatuchos e, depois, as letras e/ou desenhos legíveis.
  2. O desenvolvimento é padronizado e contínuo, mas nem sempre uniforme e gradual. Quer dizer, salienta-se a necessidade de olhar para o desenvolvimento humano nas características específicas de cada etapa (estágio); e que as manifestações específicas são integradas, mas, nem sempre sucedem da mesma forma, havendo momentos em que o processo do desenvolvimento é normal e outros em que é acelerado ou retardado.

Na base destes princípios, vale a pena lembrar que o professor habilidoso deve observá- -lo no seu ensino. Nesse sentido, a partir do primeiro princípio o professor deve, por exemplo, ter competências adequadas para, na progressão das aprendizagens dos alunos, partir do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, bem como do que se designa de nível inicial, do nível das capacidades actuais para o nível do desenvolvimento próximo. De contrário, em nada adianta insistir no aluno a aprender algo que ultrapassa as suas capacidades actuais. Também pode entender-se que, quanto mais o aluno estiver afastado do nível de base exigido para a aprendizagem (o que significa que esta nova aprendizagem se encontra mais distante do nível inicial do aluno), o professor precisará de fornecer muito maior apoio, encorajamento e estímulos para conseguir que o aluno progrida de forma mais segura e satisfatória.

Quanto ao segundo princípio, fica evidente que os professores precisam de compreender que a progressão contínua e linear nem sempre ocorre no aluno, eles devem prestar atenção sobre eventuais sinais de bloqueio na aprendizagem dos alunos, devem ainda servir-se permanentemente dos saberes já aprendidos, numa base espiral para tornar mais provável a mobilização do potencial do aluno para aprender os conteúdos que se vão sucedendo, conforme a programação didáctica.

Para terminar, um outro especto relevante, ao abordar o desenvolvimento humano, é a idade do desenvolvimento, dividida em duas partes:

  1. idade biológica; e
  2. idade cronológica.

A idade biológica refere-se à idade do sistema do corpo de um indivíduo pronto para desempenhar a sua função natural. Por exempl, o surgimento da primeira dentição, o amadurecimento dos sistemas corporais (muscular, ósseo, nervoso, respiratório, circulatório, digestivo, imunitário, etc).

A idade cronológica é a idade que correspondente aos anos de vida do indivíduo. Asua determinação é com base no calendário civil. Por exemplo, 4 anos de idade.

Para o professor avaliar o desenvolvimento equilibrado dos alunos, é fundamental perceber que o indivíduo é considerado com o desenvolvimento ideal, quando a idade biológica está de acordo com a idade cronológica. De uma criança de 6 anos de idade espera-se que ela apresente a estrutura cognitiva madura para distinguir os seus comportamentos e papéis sociais com os de crianças da sua idade, do mesmo sexo ou oposto.

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Resumo do Tema

O desenvolvimento humano é influenciado por factores internos e externos. Estes factores têm uma relação dialéctica, sendo a hereditariedade e o ambiente fontes de importância vital para o desenvolvimento, pelo que é incorrecto atribuir mais importância a uns factores do que a outros. A pessoa humana é um ser que se direcciona e evolui por suas experiências e valores, visando, antes de tudo, o seu próprio bem-estar na sua realização pessoal. O indivíduo tem um papel activo na construção do seu próprio desenvolvimento: quando procura dominar o seu ambiente, constrói níveis superiores de conhecimento, a partir dos elementos fornecidos, quer pela maturação quer pelas circunstâncias ambientais.

O papel do professor no âmbito de saber fazer, deve cingir-se na utilização dos conhecimentos científicos para a promoção de hábitos de vida saudáveis; prevenção de doenças do ambiente e uso sustentável dos recursos, visando a promoção do desenvolvimento humano integral na escola e na sociedade. Igualmente, é importante o professor ter uma adequada compreensão sobre os principios de desenvolvimento humano, para que os utilize em beneficio da melhoria da aprendizagem dos alunos.

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