Módulo 3 | Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem

Aula 3.5.3Teoria de desenvolvimento humano de Lev Vygotsky

Foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa, ao insistir que as funções psicológicas são um produto de actividade cerebral. Conseguiu explicar a transformação dos processos psicológicos elementares em processos complexos dentro da história.

Vygotsky enfantiza o papel dos processos históricos-sociais e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo.

Princípios da teoria de Vygotsky

A aquisição da aprendizagem pela interacção do sujeito com o meio: a criança aprende pela interacção com o meio sócio-cultural.

A sua principal contribuição ocorre através do seu conceito de Zona de Desenvolvimento Real (ZDR), que representa o que a criança é capaz de fazer sem precisar de ajuda. Após a aprendizagem do novo conteúdo, a criança passa da ZDR para a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que reflecte os novos conhecimentos aprendidos. Assim, considera-se Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDPt) de aprendizagem, o intervalo entre ZDR e ZDP, que é o tempo que a criança precisa para assimilar o novo conteúdo. Contudo, a progressão da ZDPt para a ZDP carece de uma situação de aprendizagem.

O papel do professor é de mediar a aprendizagem, partindo do contexto sócio cultural do aluno.

É neste campo que a educação deve actuar, estimulando a aquisição do potencial, partindo do conhecimento da ZDR do aluno.

O conhecimento potencial, ao ser alcançado, passa a ser o conhecimento real e a ZDP predefinida a partir do que seria o novo potencial, de tal sorte que:

A linguagem, segundo Vygotsky, é fundamental para o desenvolvimento cognitivo. As crianças são capazes de contribuir com o conceito muito rapidamente. O pensamento e a linguagem assemelham-se em conceitos úteis que ajudam o pensamento. A linguagem é a principal via de transmissão da cultura e o vínculo principal do pensamento e a auto-regulação voluntária. A sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interacção do sujeito com o meio.

Para o teórico, o sujeito é interactivo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.

Para Vygotsky, o desenvolvimento psicológico e mental depende da aprendizagem, na medida em que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem social, principalmente, aquela planificada no meio escolar.

Não se pode pensar que a criança vai-se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens, mediante as experiências a que for exposta.

A aprendizagem na criança, para Vygotsky, podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre uma criança mais experiente e outra menos experiente.

Quadro 7: Resumo sobre as principais características de desenvolvimentos típicos em oito períodos do desenvolvimento humano, de acordo com D. Papalia e R. Feldman (2013)

Faixa etária

Desenvolvimento físico

Desenvolvimento cognitivo

Desenvolvimento psicossocial

Período Pré-natal (da concepção ao nascimen- to)

Ocorre a concepção por fertilização; normal ou por outros meios.

Desde o começo, a dotação genética interage com as influências ambientais.

Formam-se as estruturas e os órgãos corporais bá- sicos: inicia-se o surto de crescimento do cérebro.

O crescimento físico é o mais acelerado do ciclo de vida.

É grande a vulnerabilidade às influências ambientais.

Desenvolvem-se as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos estímulos sensoriais.

O feto responde à voz da mãe e desenvolve preferência por ela.

Primeira Infância (do nascimento aos 3 anos)

O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental.

O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos.

As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas.

O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida.

A compreensão e o uso da linguagem desenvolvem-se rapidamente.

Formam-se os vínculos afectivos com os pais e com outras pessoas.

A autoconsciência desenvolve-se.

Ocorre a passagem da dependência para a autonomia.

Aumenta o interesse por outras crianças.

Segunda Infância (3 a 6 anos)

O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais parecidas com as de um adulto.

O apetite diminui e são comuns os distúrbios do sono.

Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habilidades motoras finas e gerais e aumenta a força física.

O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros.

A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo.

Aprimoram-se a memória e a lingua- gem.

A inteligência torna-se mais previsível.

É comum a experiência da pré-escola; mais ainda a do jardim de infância.

O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima é global.

Aumentam a indepedência, a iniciativa e o auto-controle.

Desenvolve-se a identidade de género.

O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e, geralmente, mais social.

O altruísmo, a agressão e o temor são comuns.

A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes.

Terceira In- fância (6 a 11 anos)

O crescimento torna-se mais lento.

A força física e as habilidades atléticas aumentam.

São comuns as doenças respiratórias, mas de um modo geral a saúde é melhor do que em qualquer outra fase do ciclo de vida.

Diminui o egocentrismo. As crianças começam a pensar com lógica, porém concretamente.

As habilidades de memória e lingua- gem aumentam.

Os ganhos cognitivos permitem à criança beneficiar-se da instrução formal na escola.

Algumas crianças demonstram necessidades educacionais e talentos especiais.

O autoconceito torna-se mais complexo, afetando a autoestima.

A corregulação reflecte um deslocamento gradual no controle dos pais para a criança.

Os colegas assumem importância fundamental.

Adolescência (11 a aprox. 20 anos)

O crescimento físico e outras mudança são rápidos e profundos.

Ocorre a maturidade reprodutiva.

Os principais riscos para a saúde emergem de questões comportamentais, tais como transtornos da alimentação e abuso de drogas.

Desenvolvem-se a capacidade de pensar, em termos abstratos; e a de usar o raciocínio científico.

O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e comportamentos.

A educação concetra-se na preparação para a faculdade ou para a profissão.

A busca pela identidade, incluindo a identidade sexual, torna-se central.

O relacionamento com os pais geral- mente é bom.

Os amigos podem exercer influência positiva ou nega- tiva.

Início da Vida Adulta (20 a 40 anos)

A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente.

As opções de estilo de vida influenciam a saúde.

O pensamento e os julgamentos morais tornam-se mais complexos.

São feitas as esco- lhas educacionais e vocacionais, às

Vezes, após um período exploratório.

Os traços e estilos de personalidade tornam-se relati- vamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser in- fluenciadas pelas fases e aconteci- mentos da vida.

São tomadas decisões sobre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais, mas podem não ser duradouros.

A maioria das pes- soas casa-se e tem filhos.

Vida Adulta Intermediária (40 a 65 anos)

Pode ocorrer uma lenta deterioração das habilida- des sensoriais, da saúde, do vigor e da força física, mas são grandes as dife- renças individuais.

As mulheres entram na menopausa.

As capacidades mentais atingem o auge.

A especialização e as habilidades rela- tivas à solução de problemas práticos são acentuadas.

A produção criativa pode declinar, mas melhora em quali- dade.

Para alguns, o su- cesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máxi- mo.

Para outros, poderá ocorrer esgotamen- to ou mudança de carreira.

O senso de identidade continua a desenvolver-se.

Pode ocorrer uma transição para a meia-idade.

A dupla respon- sabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse.

A saída dos filhos deixa o ninho vazio.

Vida Adulta Tardia (65 anos em diante)

A maioria das pessoas é saudável e activa, embora geralmente haja um declí- nio da saúde e das capaci- dades físicas.

O tempo de reacção mais lento afecta alguns aspec- tos funcionais.

A maioria das pes- soas está mental- mente alerta.

Embora inteligência e memória possam deteriorar-se em algumas áreas, a maioria da pessoas encontra meios de compensação.

A aposentadoria pode oferecer no- vas opções para o aproveitamento do tempo.

As pessoas desen- volvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas pessoais e a morte iminente.

O relacionamen- to com a família e com amigos ínti- mos pode propor- cionar um impor- tante apoio.

A busca de sinificado para a vida assume uma importância fundamental.

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Reflexão Final 11

Sumarize as características do desenvolvimento psicológico de crianças em idade escolar para o ensino primário (+- 6 a 12 anos), tendo em conta a idade de ingresso na primeira classe e a de conclusão deste nível de escolaridade.

Piaget Freud Erikson
Características do desenvolvimento psicológico da criança em idade escolar para o ensino primário (+ - 6 a + -11 anos)

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