Módulo 5 | A Educação Inclusiva e a Escola Moçambicana

Aula 5.3.1O problema do autismo

O problema do autismo é um problema neurológico que afecta a percepção, o pensamento e atenção do aluno, traduzindo-se numa desordem do desenvolvimento vitalício que se manifesta nos três primeiros anos de vida. Dado que a criança com autismo, como qualquer outra criança, pode apresentar uma variedade de comportamentos e aptidões, as suas características variam. No entanto, há um conjunto de características “típicas” que, pela sua magnitude, passamos a enunciar:

Cabe ao professor planificar actividades de aprendizagem diversificadas, partindo do que alunos com autismo gostem, envolvendo figuras e objectos e contemplar brincadeiras com os professores.

A surdo-cegueira

A surdo-cegueira consiste numa incapacidade concomitante, visual e auditiva que, para além de causar problemas severos de comunicação, causa ainda problemas do desenvolvimento e educacionais graves, os quais requerem uma atenção específica, para além daquela considerada para as crianças cegas ou surdas.

Os problemas físico-motores

Os problemas motores constituem a perda de capacidades ao nível motor, que afecta directamente a postura ou o movimento, devido a uma lesão congénita ou adquirida

nas estruturas do sistema nervoso. Os alunos com este problema apresentam incapacidade, ausência de qualquer um dos membros, por doença como poliomielite, tuberculose óssea e por outras causas, tais como, a paralisia cerebral, as amputações e fracturas ou queimaduras, que provêm de contracções, constituindo obstáculo para a aprendizagem.

O papel da escola ou do professor, especificamente, é de dar auxílio necessário, de modo a ajudar o aluno a reduzir ou mesmo ultrapassar o obstáculo que este esteja a enfrentar. Por exemplo: a escola pode providenciar rampas e corrimãos.

Alunos com altas habilidades e superdotação

Os alunos com altas habilidades e superdotação são aqueles que, devido a um conjunto de aptidões excepcionais, são capazes de atingir um alto nível de rendimento. Essas crianças e adolescentes requerem programas e/ou serviços educativos específicos, diferentes daqueles que os programas escolares normais proporcianam, para que lhes seja possível maximar o seu potencial, no sentido de virem a prestar uma contribuição significativa, quer para si mesmas, quer para a sociedade em que se inserem.

Embora as crianças e adolescentes capazes de realizações superiores possam não vir a demonstrá-lo, elas geralmente possuem uma potencialidade elevada em uma ou mais das seguintes áreas: capacidade intelectual geral, aptidão académica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, artes visuais ou representativas, capacidade psicomotora. Este grupo de alunos, quando é mal diagnosticado e confundido, é rotulado de agitado ou indisciplinado, porque facilmente resolvem as tarefas e têm muito tempo livre durante a aula. Cabe ao professor adoptar estratégias psicopedagógicas de envolvimento adequado desses alunos na aula.

Os problemas de saúde

Os problemas de saúde correspondem a um conjunto de problemas tais como tuberculose, febre reumática, asma, hemofilia, nefrite, leucemia, diabetes, epilepsia, desnutrição crónica ou problemas cardiovasculares que limitam a vitalidade ou atenção da criança, vindo a afectar a sua realização escolar.

O envolvimento da escola e do professor neste tipo de problemas consiste em reconhecer o papel dos outros serviços especializados para ajudar a enquadraros alunos com esses problemas na escola. Pela dificuldade do diagnóstico, torna-se necessário que o professor, com a ajuda da escola e dos pais encarregados de educação, encaminhe o aluno para o hospital, de modo que os resultados hospitalares obtidos sirvam de linha de orientação no processo de aprendizagem.

O traumatismo craniano

O traumatismo craniano consiste num dano cerebral provocado por uma força física exterior e, não de natureza degenerativa ou congénita, que pode alterar o estado de consciência, resultando numa diminuição das capacidades intelectuais ou físicas. Pode ainda perturbar o funcionamento emocional ou comportamental.

Este dano pode ser de carácter temporário ou permanente e pode causar disfunções parciais ou totais ou problemas de ajustamento psicossocial.

A deficiência visual

A deficiência visual é uma situação de diminuição de resposta visual, decorrente de imperfeições no órgão ou no sistema visual. Os indivíduos com esta deficiência são subdivididos em dois grupos: indivíduos cegos e os com visão subnormal. A sua delimitação é determinada por duas escalas oftalmológicas, nomeadamente: a acuidade visual (quando se consegue ver a determinada distância) e a do campo visual (amplitude da área alcançada pela visão).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), do ponto de vista médico- educacional, é considerado um indivíduo cego aquele que apresenta acuidade visual de 0 a 20/200, isto é, consegue ver a 20 pés (6 metros) de distância, aquilo que um sujeito de visão normal consegue ver a 200 pés (60 metros), no melhor olho, após correção máxima, ou que tenha um ângulo visual restrito a 20 graus de amplitude.

O aprimoramento e a aplicação das linguagens oral e escrita manifestam-se nas habilidades de falar e ouvir, ler e escrever. É tarefa do educador observar como os alunos se relacionam com os seus colegas e com os adultos e verificar a qualidade da experiência comunicativa nas diversas situações de aprendizagem. As crianças cegas operam com dois tipos de conceitos:

No segundo caso, as crianças podem utilizar palavras ou expressões descontextualizadas, sem nexo ou significado real, por não se basearem em experiências directas e concretas. Esse fenómeno é denominado verbalismo e a sua preponderância pode ter efeitos negativos em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento.

Algumas crianças cegas congénitas podem manifestar “maneirismos”, ecolalia e comportamentos estereotipados. Isso porque a falta da visão compromete a imitação e deixa um vazio a ser preenchido com outras modalidades de percepção. A falta de

conhecimento, de estímulos, de condições e de recursos adequados pode reforçar o comportamento passivo, inibir o interesse e a motivação. A escassez de informação restringe o conhecimento em relação ao ambiente. Por isso, é necessário incentivar o comportamento exploratório, a observação e a experimentação para que estes alunos possam ter uma percepção global necessária ao processo de análise e síntese.

Recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos contribuem para que as situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras num ambiente de cooperação e reconhecimento das diferenças.

A estimulação visual baseia-se na escolha adequada do material, que deve ter cores fortes ou contrastes que melhor se adaptem à limitação visual de cada aluno e significado táctil. A seguir apresentam-se alguns exemplos de instrumentos auxiliares.

Figura 18, 19, 20 e 21: Exemplos de instrumentos auxilares para aprendizagem de alunos com deficiência visual (Fonte: http://deficienciavisualsp.blogspot.com/2009/02/alfabeto-braille.html)

Os problemas auditivos

Os problemas auditivos configuram-se na incapacidade parcial ou total de audição. O aluno com deficiência auditiva é classificado como surdo, quando a sua audição não é funcional na vida comum, e hipoacúsico, quando a sua audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem aparelho auditivo. Esta deficiência não deve ser confundida com disfunções auditivas, isto é, com a incapacidade para interpretar estímulos auditivos que não resultam da perda da audição.

Os problemas auditivos têm a sua causa dependendo da situação. Por exemplo, problemas auditivos congénitos têm como causa (viroses maternas, doenças tóxicas desenvolvidas durante a gravidez, incompatibilidade sanguínea, nascimentos prematuros) e os problemas auditivos adquiridos têm como causa (excessiva produção de cera, perfuração da membrana auditiva, infecções que se

alastram ao ouvido médio, a partir do canal de eustáquio que provocam o aumento de fluido (otite média), alergias que provocam o inchaço do canal eustáquio e infecções de natureza viral ou bacteriana.

Ao professor cabe a tarefa fundamental de diagnosticar e fazer o acompanhamento específico necessário de modo a enquadrar o aluno com NEE na sala de aula, usando as seguintes estratégias:

A língua de sinais é a estratégia generalizada para comunicar com crianças e adultos com problemas de audição.

A multideficiência

A multideficiência é um conjunto de deficiências numa mesma criança, tal como deficiência mental, cegueira, paralisia cerebral, deficiência mental, causadoras de problemas educacionais severos que requerem intervenções específicas, de acordo com a ocorrência do problema.

As crianças com multideficiência constituem um grupo heterogéneo, apresentando dificuldades muito específicas, resultantes da conjugação de limitações nas funções e estruturas do corpo e de factores ambientais que condicionam o seu desenvolvimento e funcionamento. Essas limitações dificultam o acesso ao mundo, reduzindo significativamente a procura de informação e afectando as capacidades de aprendizagem e de solução de problemas. É responsabilidade do professor observar a multiplicidade de deficiências que um aluno possa apresentar, de modo a concluir se se trata da multideficiência ou não.

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Resumo do Tema

Os alunos com Necessidades Educativas Especiais necessitam de uma atenção adicional, em função da sua perturbação, exigindo assim da escola, do professor, dos colegas e dos pais e encarregados de educação o seu envolvimento, na perpectiva de auxiliá-los para atingirem o seu potencial máximo de aprendizagem. Em função das causas genéticas, psicológicas, sociais, existem vários tipos de NEE na sala de aulas, a destacar: as dificuldades de aprendizagem específicas, os problemas de comunicação, os deficiências intelectuais (deficiência mental) as perturbações emocionais e do comportamento, a multideficiência, a deficiência auditiva, aadeficiência físico-motora, os problemas de saúde, a deficiência visual, as perturbações do espectro do autismo, a surdo-cegueira e o traumatismo craniano.

Sempre que o professor suspeitar que um aluno apresenta sinais e sintomas de dificuldades de aprendizagem ou deficência deverá fazer um acompanhamento minucioso para que possa compreender melhor as limitações do aluno e possa buscar o melhor método de ensino para ensinar.

Reflexão Final 22

  1. Qual é a fonte primária que induz à identificação de qualquer tipo de NEE na sala de aulas?
  2. Nem todas as escolas possuem infraestruturas convencionais com condições físicas (corrimãos, rampas, entre outras) para apoiar crianças com NEE motoras. Discuta, em grupo, algumas estratégias sociais que poderão ser usadas nessas escolas (sem condições), de modo a apoiar as crianças com NEE motoras.
  3. Na sua opinião, será que existe um tipo de NEE mais prejudicial em relação a outros? Justifique a sua resposta, dando exemplos.

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